Pode parecer doideira minha (acostume-se), mas nos últimos meses uma certa linha de propagandas veiculadas na TV vem me incomodando deveras.
Referem-se às axilas femininas.
Uma série de produtos promete hidratar, depilar, clarear e mais recentemente oferecem 0% de perfume para que suas axilas sejam tão belas e formosas quanto o resto de seu corpo escultural e seu rosto angelical.
Fazem os homens voltarem o olhar para aquela que tiver o suvaco mais belo. A competição ficou mais acirradas, meninas ;) Ainda mais em uma cidade como o Rio em que os suvacos vivem a mostra, faça verão ou faça veranico.
Já não me basta gastar os tubos com cremes, óleos, hidratações, tonalizantes, maquiagem, depilação, design de sobrancelha, agora me informam que tenho que hidratar e clarear minhas axilas a um nivel em que o photoshop seja desnecessário.
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Paralelo a isso sei que começou a passar na TV a série baseada no livro de Jorge Amado, "Gabriela, cravo e canela", publicado em 1958, que retrata a Ilhéus dos anos 20.
Gabriela é aquela com pele dourada da Bahia.
Ainda não assisti a um capítulo, mas me peguei imaginando que a Gabriela de Juliana Paes dever ter o suvaco em tons de canela, sem pelos a mais, que brilha a cada vez que sobe em telhados e ofusca toda a cidade, apaixonada pela bonitona. Não deve ser um suvaco antropologicamente correto, mas deve ser correto.
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A Gabriela de Sônia Braga, em 1975, seguia uma linha mais - digamos -, natural, que também não me agrada como escolha pessoal mas me satisfaz como coerência ao contar-se tal estória.
O tal suvaco era de cravo e canela mas trazia um temperinho a mais...
Seja ao natural, depilada mas desencanada, ultra hidratada com folhas de ouro, escolha o suvaco que melhor combinar com sua vida, não se torne escrava ou deposite todas as suas esperanças debaixo do braço. Jogue-se, sinta-se, cuide-se, e principalmente acredite naquela beleza que é sua, de outra forma isso nunca vai terminar, sempre vai haver algo a mais que possibilite a perfeição inatingível e a loucura vai transformá-la em feiúra, não espere a loucura que a liberte.