Tolerância/Empatia_ Tolerance/Empathy

Hoje a caminho do trabalho pude divagar e em meu pensamento 3 acontecimentos se misturavam como em um daqueles filmes em que estórias correm paralelamente e para surpresa de todos desembocam no mesmo ponto. (lembrei do filme 'as horas' - se alguém souber onde encontro o dvd para comprar, agradeço)
Em Toulose, França, um homem decide transformar em atividade diária a sua vontade de matar, a principio de forma randômica, mas provavelmente mais a frente teremos notícias de suas intenções, o que nada importa. Segura uma menina por seus cabelos e atira a queima roupa, deixando a vítima para morrer nos braços dos pais. Isso só para ilustrar um de seus atos.

No Rio de Janeiro, Brasil, é desmascarada uma horda de empresários que negociam propinas a funcionários públicos, desviando verba da saúde pública. Sem segurar nos cabelos de suas vítimas e apontá-las uma arma, as mata no final das contas.

Ainda no Rio, cidade maravilhosa, Artur Xexeo, famoso colunista do Globo, se torna inimigo número um dos ciclistas ao criticar o traçado de uma ciclofaixa em Botafogo. E ao emitir sua opinião e experiência em relação a um suposto transtorno causado foi agredido de forma desproporcional.

No liquidificador canhoto que existe em minha cabecinha se formou um grosso caldo: nosso desastre diário.

Algumas palavras soltas salpicam o caldo: empatia, tolerância e ética.

As regras existem por dois motivos, em nosso mundinho de homens: para possibilitar a coexistência e para serem subvertidas. E os dois motivos se confundiram e em um enlace incestuoso baratinaram nossa espécie.

Em tempos do famoso politicamente (in)correto, vivemos uma censura viril e atenta. Não há grau, medida para ideias. Mais uma vez usamos nosso talento infindável para distorcer boas iniciativas.

Proteger os que são atacados, ou as minorias, é lindo. Mas há um equívoco na administração disso, talvez porque seja novo, estejamos apenas formatando uma nova sociedade. Talvez.

Caso a ética, a empatia e a tolerância pudessem ser disseminadas, em casa, na escola, no trabalho, não seria necessária essa força de polícia, esse remedo de ditadura que te transforma em pária ao se expressar. Não seria necessário matar aquele que não vive da maneira que você acha correta. Não seria sequer imaginada uma maneira de tirar o que não te pertence.

Quando escuto um senhor dizer que ensina aos filhos as formas de se estabelecer como corruptor, eu me arrepio e começo a desconfiar que estou louca. Quando 'aprendo' que existe uma nova ética, mafiosa, que aos cumpadres tudo permite e aos demais joga ao lodo eu percebo que tinha entendido tudo 'errado'. Quando assisto a matança covarde de outras pessoas, como eu, tenho a certeza que estamos todos descontrolados. Me assusta. Te assusta?

Como Xexeo, pensei: engraçado, jurava que o povo que tem a oportunidade de rodar a zona sul de bicicleta era um povo mais relax, de bom-humor, de bem com a vida. Imaginei que pudessem transformar a crítica do colunista em uma brincadeira que provocaria a comunidade a se interessar por seus caminhos, por suas reivindições. Ao ler sua última coluna pude visualizar a cena dele saindo do jornal para pegar seu taxi - queime no inferno por isso - e sendo atacado a pauladas e xingamentos, como os que recebeu em seu email. Que desapontamento. E olha que por mim todo o mundo moraria no domingo de sol do jardim botânico e iria de bicicleta para o trabalho no leblon, sou super a favor da qualidade de vida, para todos.

Então com a mesma raiva talvez se mate ao vizinho por ser judeu, cristão, muçulmano, ateu, ou negro, branco, verde, estampado. Com a mesma proporção se imagina que se o cara morreu na fila do hospital público, 'antes ele do que eu'. E ainda com o ferro na mão se decida o destino de alguém porque o mesmo lhe parece estranho.

A famosa caça às bruxas não terminou na inquisição, e sim deu poderes a qualquer um para fazer qualquer coisa e chamá-la de moral, de ética. Tento imaginar como disfarçar a intolerância e a falta de empatia. Essas estão estampadas nos seres que se dizem pensantes, agentes, importantes. Somos tão pequenos e ao mesmo tempo cada um de nós tão especial.

O que nos difere das plantas e dos bichos: a faculdade de expressar sentimentos. E o freio. Quem nunca sentiu raiva, vontade de esganar alguém? Quem nunca atravessou a rua com medo daquele outro com aparência estranha? Quem nunca deixou de perceber a dor que causava em alguém? Todos nós. A diferença é a possibilidade de escolher o que fará com seus medos, preconceitos e especialmente com seus sentimentos. Será você um ser apenas reativo, que desconhece a própria força? Será você um covarde que ataca antes de ser atacado? Se a regra agora é essa, por que saimos das cavernas?

As vezes tenho vontade de abraçar os primeiros homens e pedir desculpas; sabe aqueles caras que lutaram, cresceram, aprenderam e se juntaram para construir um mundo melhor? Que ousaram chamar de sociedade, que nem pensaram em amarras, em religião, em língua, em política, e mesmo assim imaginaram o melhor dos mundos? desculpa, ae.

 Não tem gente que diz que um homem empreendedor passa a vida construindo e juntando fortuna para os netos torrarem em um ano? Pois é, somos esses netos...

Hoje em dia GENTILEZA é sinônimo de fraqueza de caráter, de pessoa antiquada e demodé e mais precisamente de otário. Gentileza é a forma quase palpável, que se dá a empatia, à ética, à tolerância. Caretice.

Faça uma careta e provoque um sorriso, quem sabe o mundo começa a girar no sentido daqueles ancestrais que imaginaram algo que não alcançamos.

Eu desejo a todos a chance de fazer as melhores escolhas, a coragem de encarar os medos e construir, a beleza do bom-humor, a delícia de ser gentil, consigo e com os outros. Os outros... São cada um de nós, redividido em progressão geométrica. Somos capazes de pedalar pela vida, abrindo estradas para todos passarem, com diferenças sim, porque diferença é bom e eu gosto.



Today on the way to work I could digress and in my thought 3 events were mixed as in one of those films in which stories run in parallel and like a surprise, all end in the same point. (I remembered the film 'the hours' - if somebody knows where I find the dvd to buy, I thank)
In Toulose, France, a man decides to transform in daily activity his will of killing, at first kinda random way, but probably ahead we will get news about his intentions, which nothing matters. He holds a girl by her hair and shoots her in the head, leaving the victim to die in the parents' arms. Thats only to illustrate one of his actions.
In Rio de Janeiro, Brazil, it is exposed a horde of entrepreneurs that  negotiate tips to public employees, diverting budget of the public health. Without holding their victims by the hair or pointing a gun, they kill them in the end.

Still in Rio, wonderful city, Artur Xexeo, famous columnist of the Globo, turns into enemy number one of the cyclists when criticizing the plan of a cycle trail in Botafogo. And when emitting his opinion and experience in relation to traffic disturbance he was attacked in a disproportionate way.

In the left-handed blender that exists in my head was formed a thick broth: our daily disaster.

Some free words sprinkle the broth: empathy, tolerance and ethics.

The rules exist for two reasons, in our little world of mankind: to make possible the coexistence and to be subverted. And the two reasons got confused and in an incestuous connection f***ed up our species.

In times of the famous politically (in) correct, we live a virile and awake censorship and it attempts. There is no degree, or measure for ideas. Once again we used our endless talent to distort good initiatives.

To protect the ones who are attacked, or the minorities, it is beautiful. But there is a misunderstanding in the administration of that, maybe because it is new, we are just formatting a new society. Maybe.

In case the ethics, the empathy and the tolerance could be disseminated, at home, in the school, in the work, that police force would not be necessary, that measure of dictatorship that transforms you in pariah if express yourself. It would not be necessary to kill the ones that don't live in the way that you find correct. It would not be even imagined a way to take what doesn't belong you.

When I listen to a gentleman saying that he teaches his children the forms of establishing as corruptor, I shudder and begin to believe that am crazy. When 'I learn' that a new ethics, mobster, that to the fellows everything allows and to the others reserve the mud I notice that I had understood everything 'wrong.' When I attend to other people's cowardly slaughter, I am sure that we are all out of control. It scares me. Does Does it scare you?

As Xexeo, I thought: funny, I could swear that the people that has the opportunity to cross the south area by bicycle were more relaxed, good-humor, feeling good about life. I imagined that they could transform the columnist's critic in a game that would provoke the community being interested at their roads, for their claims. When reading his last column I could visualize the scene: he leaving the newspaper to catch a taxi - burn in hell for that - and being attacked, blows and curses, like the ones sent to his email. Disappointment. And if it was to me to choose, everyone would live on sunny Jardim Botanico (botanical garden) and would go by bike to work at Leblon, I am totally for life quality, for all.

Then with the same rage maybe kills the neighbor for being Jewish, Christian, Muslim, atheist, or black, white, green, printed. With the same proportion imagines that if someone dies in the line in front of public hospital, “better him than me”. And still holding the gun decides the destiny of somebody that seems strange.

The famous witch hunting didn't finish in the inquisition, but gave powers to anyone to do anything to call it morals, ethics. I try to imagine how can disguise the intolerance and the lack of empathy. Those are printed in the beings that are called thinkers, agents, important. We are so small and at the same time each one of us so special.

What differs us from plants and bugs: the ability of expressing feelings; and the chance to brake. Who didn’t ever felt rage, will of strangling somebody? Who never crossed the street with fear of that other one with appearance you find strange? Who never stopped noticing the pain that caused in somebody? All of us did. The difference is the possibility to choose what will do with fears, prejudices and especially with feelings. Will you be the reagent being, who just ignores ur own force? Will you be a coward that attacks before being attacked? If the rule now is that, why did leave the caves?

Sometimes I want to hug the first men and to apologize; u know those guys who struggled, made it grow, learned and gathered to build a better world? Who did dare to call society, who did not think about strings, religions, languages, politics, and even so did imagine the best of the worlds? Sorry, there.

Doesn´t they say that an enterprising man passes his life building and making fortune for the grandchildren to toast in one year? There u go, we are those grandchildren...

Nowadays KINDNESS is synonymous of character weakness, of antiquated and old-fashioned person and more precisely of fool. Kindness is almost the tangible form that brings the empathy, the ethics, and the tolerance. Caretice.

Make funny faces and provoke a smile. Who knows the world begins to rotate in the direction of those ancestral ones that imagined something that we didn't reach.

I wish to all the chance of doing the best choices, the courage to face the fears and to build, the beauty of the good-humor, the delicacy of being kind, with urself and with the other ones. The other ones... They are each one of us, divided within geometric progression. We are capable to ride through life, opening highways for all to pass, with differences yes, because difference is good and I like.