Wednesday, April 4, 2012

O muro _ The wall

Onde trabalho há uma escola onde devemos fazer um numero x de horas aula para seguir nossa carreira. Algumas vezes você se submete a coisas chatas e sem proposito, mas vez ou outra, se escolher bem, acaba usando seu tempo de forma proveitosa.

Eu sou reconhecidamente uma pessoa otimista, então, quando a aula me dá limões tento fazer um caipirinha.

Em uma dessas classes, algo a ver com excelência em atendimento, a professora era uma psicóloga muito simpática e animada. O grupo um pouco relutante. Fui fazer o curso com uma amiga que não curtiu muito, mas foi.

Certo dia a orientadora reuniu o grupo em roda e propôs um exercício. De olhos fechados íamos criando uma estorinha na cabeça de acordo com as situações expostas por ela. Tinha a ver com uma missão a cumprir, um caminho, as ferramentas e o encontro com um muro altíssimo que tínhamos que atravessar para enfim cumprir a tal missão. Ela pede que todos abram os olhos e que, um por um, contem a estorinha.

Fui ouvindo, interessada. A maioria estava em um local de praia, usava o celular para contatar a outra parte na missão, corria, explodia o muro e rapidamente, como em um filme de ação resolvia a questão. Alguns tinham detalhes engraçados, mas eram contados de forma rápida e prática, me distraí e quando chegou a minha vez, pensei: ai ai ai, não dá tempo de inventar outra coisa, vou contar o que já tinha brotado em minha cabecinha...



Comecei: Paris, 1926. Estava apressada cruzando a Avenida Champs-Élysées; vestia um casaco escuro, sobre um vestido esvoaçante, na cabeça um belo chapéu.



Desconfiada, me encaminhava ao bistrô já tão conhecido, onde encontraria Simone, Jean-Paul e mais uns amigos, levava algo no bolso, uma mensagem.






De repente, dobro a esquina e em uma viela já estou em 1933, de sobretudo, um pouco assustada, mas corajosa, tenho que cumprir a missão. No escuro percorro a ruela imunda. Na minha frente um muro, tão alto e profundo, impossível de escalar ou sequer escavar. Do outro lado, meu objetivo.









Não titubeio, levando a mão aos lábios, assobio forte, e logo avisto o super-homem, ele me agarra e me carrega para o outro lado.

Nunca vou esquecer a expressão da minha amiga querida, muito mais prática que eu, calada ela dizia: era mesmo necessário?



 

2 comments:

  1. Só você mesmo, Carmen! Conseguir se animar com aqueles cursinhos chatérrimos! By the way, vc ainda não viu Meia-noite em Paris?

    Foi nesse mesmo cursinho que a professora mandou formar duplas e fazer um trabalho relacionando as coisas que te irritavam no trabalho. Fiz dupla com um senhorzinho, vestido num blaser azul escuro de botões dourados, que provavelmente, por ter a temperatura das costas bem elevada, trabalhava em um setor que não lhe exigia muito esforço. Na hora de fazer a lista de coisas que o irritavam, ele se vira pra mim e diz, depois de eu relacionar, no mínimo uns 10 itens, que NADA O IRRITAVA NO TRABALHO! E eu: "como assim? Nada irrita o senhor? Peraí, deve ter alguma coisa! Faz um esforço pra lembrar! Isso não é possível! Eu não me conformo com isso!" Nada. Não consegui arrancar nenhuma coisa que irritasse aquele senhorzinho das costas quentes. Nunca fiquei tão irritada. (Flávia)

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    1. ora, se não lembro da estoria do senhorzinho que te tirou do sério com a não-irritação dele, foi hilario. até pensei em adicionar, mas quis fazer uma curtinha. aquele curso foi 'especial', hahaha. E não, ainda não assisti ao filme, falha minha!!

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