Monday, October 15, 2012

Aos mestres com carinho

Hoje comemoramos o Dia do Mestre.

Em minhas remotas e tenras lembranças resta sempre uma figura de professor. 
Sempre admirei intensamente a capacidade de alguém saber ensinar e aprender ao mesmo tempo. A generosidade, a técnica, a desenvoltura, sempre me fascinaram. Não é a toa que sempre tentei ser boa aluna, em respeito a essa figura que ali diante de nosso grupo trazia luz às nossas mentes ainda em formação.

Isso sempre foi tão forte em minha vida que até hoje quando me inscrevo em algum curso, palestra, ou algo do gênero e tenho a minha frente alguém demonstrando algum conhecimento, fixo meu olhar e atenção como se fosse um obediente soldado e devo dizer, muitas vezes me vi diante de assunto que em nada me interessava, minha mente vagava, mas meu olhar, meu respeito lá estava; pode não ser o ideal mas acho correto.

Desde pequena adorava essa figura, tentei me imaginar como uma, tinha quadro negro em casa e brincava de professora, mas não fluía bem, porque o que eu gostava era da fantasia, do teatro. 

Logo veio minha irmã Ana Luiza e do alto de seus 3 anos já era professora, aquilo me intrigava, tão pequena criatura já com uma profissão delineada... Aliás nossa irmã caçula, Elisa, também sempre soube instintivamente sua vocação: equilíbrio alimentar. Não à toa se formou nutricionista. Eu - a mais velha - sou daquelas que tem vocação para perceber a vocação de outros.

Tive em minha vida várias moças e moços que me encantaram. Estudei - estudamos as 3 - a vida toda no mesmo colégio - Colégio da Companhia de Santa Teresa de Jesus. A época considerava-se que os colégios católicos tinham excelente formação - além do que minha mãe, comigo ainda no colo, se encantou pelo uniforme de uma aluna vizinha nossa. Aquele vestidinho pied-poule rosa e branco com calcinha fofa e o nome bordado em rosa no peito. Ah, eu amava - ah sim, desde cedo já demonstrava gosto por vestimentas e suas estórias.

Lembro do cheiro, das sensações, dos amigos que foram se formando juntos. Lembro das reivindicações, das palestras, das aulas de religião. Lembro da professora que era linda - parecia e Vera Fischer - e eu tentando imitar seu penteado. Lembro do tato das cadeiras, do barulho de giz. Lembro da estudante de normal que foi estagiária da minha professora de primário e quando se formou, fiz parte de sua primeira turma como professora; era uma garota, mas professora. Anos depois nos reencontramos na minha ultima etapa como aluna, agora ela era professora de inglês, bacana. 

Lembro que no final do ginásio resolvi que era comunista ou ao menos socialista por conta de mue fascínio pelas aulas de História, e protestei quando meus pais perguntaram se gostaria de ir a Disney após debutar - hahahaha - e disse que se fosse para viajar que fosse ao velho mundo e não aquele centro capitalista louco. Reflexos de uma classe média, encurralada entre a ditadura conhecida e o novo mundo que se mostrava, nos anos 80. 

Em 1988 cursava o ultimo ano do cientifico e acompanhamos a feitura da CRFB, Constituição da República Federativa do Brasil, era tão romântico e excitante. No cientifico me apaixonei por duas mestras: a professora de História e a professora de Português. A elas recorri quando precisei decidir em que curso me inscreveria para o maldito vestibular. Elas foram incríveis como sempre, generosas, sábias, coerentes. 

Eu sei que o fato de nunca ter sido o tipo rebelde me empacou um pouco, mas é com muita alegria que reconheço que vejo as coisas boas da vida. Meus professores, na grande maioria, causaram impacto em minha formação acadêmica, cultural, emocional e como cidadã. Nunca me furtei a ouvir os mais velhos, a reconhecer que até certo ponto eles poderiam me mostrar caminhos. Escolher seria minha função, mas com pessoas maravilhosas a me orientar, ficaria mais tranquila. Admito.

Para ter noção de até onde vai minha loucura, guardo até hoje uma série de trabalhos, provas, textos, desde o maternal ao ultimo ano. Não todos, vez por ano jogo coisas fora, às lágrimas, mas jogo. Minhas redações do 3o ano, não, professora Maria Auxiliadora! Minhas provas de História do 3o ano, não, professora Maria das Graças!

Vocês eram e deveriam continuar sendo as verdadeiras celebridades a quem admiramos com olhos brilhando, coração aberto, mente ávida! Porque nessa relação existe troca. E troca, definitivamente é a melhor moeda.

Minha irmã Ana Luiza, hoje é mãe, e que coisa mais interessante é ver uma mãe professora. Doce, disciplinada, apoiando cada conquista e ficando lá do lado do pequeno aluno na busca por sua independência, sua forma única de ser.

E hoje graças às redes sociais posso ver, mesmo que virtualmente o rostinho de algumas daquelas minhas professoras, ler suas palavras, enviar vibrações de amor e carinho aquelas que me ajudaram a ser quem eu sou, junto com meus pais, irmãs e amigos. Sempre estarão em meu coração e meus atos. Sejam sempre professoras.

Lembrei de um professor que tive na universidade, muito realista, do tipo curto e grosso. De sua matéria pouco ensinou, mas me fez aumentar o gosto por leitura, nos fazia entregar resenhas sobre livros de Eça de Queiroz, o que mais poderia me ensinar? 

A cada um que ao seu modo ensina, aqueles professores que mal ganham para sustentar a família  que cruzam estradas de terra, que dividem seu pão com as crianças, que pedem doações de livros, que se percebem existindo em uma sala de aula, aqueles que tem mais sorte e conseguem uma turma envolvida e participativa, aqueles que obtiveram sucesso a muito custo, a esses e a todos os professores, desejo não apenas um bom dia do mestre, mas uma boa vida de mestres. Porque professor nasce assim e vai assim por toda vida.
Obrigada por existirem!



Segundo Wikipedia: 
No dia 15 de outubro de 1827 (dia consagrado à educadora Santa Teresa de Ávila), Pedro I, Imperador do Brasil baixou um Decreto Imperial que criou o Ensino Elementar no Brasil. Pelo decreto, "todas as cidades, vilas e lugarejos tivessem suas escolas de primeiras letras". Esse decreto falava de bastante coisa: descentralização do ensino, o salário dos professores, as matérias básicas que todos os alunos deveriam aprender e até como os professores deveriam ser contratados. A ideia, inovadora e revolucionária, teria sido ótima - caso tivesse sido cumprida.

Mas foi somente em 1947, 120 anos após o referido decreto, que ocorreu a primeira comemoração de um dia efetivamente dedicado ao professor.

Começou em São Paulo, em uma pequena escola no número 1520 da Rua Augusta, onde existia o Ginásio Caetano de Campos, conhecido como "Caetaninho". O longo período letivo do segundo semestre ia de 1 de junho a 15 de dezembro, com apenas dez dias de férias em todo este período. Quatro professores tiveram a ideia de organizar um dia de parada para se evitar a estafa – e também de congraçamento e análise de rumos para o restante do ano.
O professor Salomão Becker sugeriu que o encontro se desse no dia de 15 de outubro, data em que, na sua cidade natal, Piracicaba, professores e alunos traziam doces de casa para uma pequena confraternização. A sugestão foi aceita e a comemoração teve presença maciça - inclusive dos pais. O discurso do professor Becker, além de ratificar a ideia de se manter na data um encontro anual, ficou famoso pela frase " Professor é profissão. Educador é missão". Com a participação dos professores Alfredo GomesAntônio Pereira e Claudino Busko, a ideia estava lançada.
A celebração, que se mostrou um sucesso, espalhou-se pela cidade e pelo país nos anos seguintes, até ser oficializada nacionalmente como feriado escolar pelo Decreto Federal 52.682, de 14 de outubro de 1963. O Decreto definia a essência e razão do feriado: "Para comemorar condignamente o Dia do Professor, os estabelecimentos de ensino farão promover solenidades, em que se enalteça a função do mestre na sociedade moderna, fazendo participar os alunos e as famílias".

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