Saturday, April 21, 2012

Mercadão

Mercadão de Madureira. Percebi que lá, como em boa parte da cidade as pessoas não percebem a presença dos outros. 'Com licença' deixou de ser um pedido para ser um aviso de que estou passando e derrubando o que mais estiver em meu caminho.

A principio me irritei e dei uma de velha chata reclamando em voz alta: vem cá, as pessoas esqueceram que você deve pedir licença e aguardar um instante para que a outra pessoa dê passagem?

Garrei uma reiva, fiquei irritada por alguns minutos dada a insistência e repetição do fato. De repente um insight: E se ao invés de me irritar e lutar contra eu demonstrar o que me foi ensinado?

Pois bem, decidi fazer farta distribuição do vernáculo e sem mesuras escancarei o verbo...

Era um tal de 'com licença', 'muito obrigada', 'como vai?', 'por favor...', 'tchau, mais uma vez obrigada' e sem pudor assinava com um sorriso discreto.

Bastou para receber de volta sorrisos incrédulos, agradecimentos delicados, espaço para passar, atendimento eficaz.

No fundo, tá todo mundo carente de gentileza, basta começar que o nó desata.

Mercadão de Madureira. Não é bonito, não é cheiroso, mas tem gente lá e, com gente se fala língua de gente.

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